segunda-feira, 28 de abril de 2008

O VALE E A CRISE DE ALIMENTOS


O anúncio feito pela Organização das Nações Unidas é alarmante. Mais de 100 milhões de pessoas sofrerão com a crise de alimentos no mundo. O caso mais emblemático essa semana foi a o aumento do preço do arroz. Três causas são apontadas para a crise: o aumento do preço do petróleo, a especulação no mercado e o aumento da demanda. As pessoas estão comendo mais e a produção de alimentos não está acompanhando o mesmo ritmo. A notícia serve de reflexão não só para regiões com falta de alimentos, mas também para as que produzem como o Vale do São Francisco.

Outro dia falávamos aqui sobre a alta do feijão, produto básico na alimentação dos brasileiros que estava sendo vendido no início do ano a R$ 6 reais. Já há uma crítica em relação aos bio-combustíveis. É que o milho está sendo usado em larga escala nos Estados Unidos para a produção de etanol. No Brasil, um dos trunfos do Governo Lula é usar os "combustíveis limpos" extraídos da mamona, do dendê, da cana de açúcar, entre outros para a produção de etanol.

O líder Cubano Fidel Castro já havia alertado sobre o perigo de ocupar grandes extensões de terra para a produção de combustível em detrimento da falta de alimentos, especialmente nos países mais pobres. Lula tem "sutilmente" rebatido esse discurso. Na última semana disse que a crise é passageira.

Diante desse quadro o que falar do Vale do São Francisco? Hoje a região é considerada "uma fronteira agrícola" no semi-árido nordestino, com uma produção que ajuda a abastecer o consumo interno, (feita pelos pequenos produtores), mas com os olhos voltados para o mercado internacional (grandes produtores). Não estamos falando aqui de grãos, mas de hortifrutigranjeiros. De qualquer forma é alimento do mesmo jeito.

Essa crise deve servir de alerta para que as autoridades governamentais pensem num programa sustentável de desenvolvimento a médio e longo prazos que esteja pautado principalmente na questão social. Ocorre que a visão desenvolvimentista tradicional, via de regra está focada essencialmente no lucro. A lógica puramente mercantilista ignora as necessidades estruturais e o resultado é o que estamos assistindo, crise de alimentos e populações ameaçadas pela fome.

Os economistas já admitem que o neoliberalismo "está cercado" e que o estado vai ter que voltar a interferir na economia para consertar os "erros da ganância" capitalista. Lembram das privatizações? No Vale do São Francisco já é preocupante a falta de políticas públicas no tocante ao "modus operandi" da gestão na agricultura, mesmo reconhecendo que a região mudou muito nos últimos 30 anos.

No final da década de 1960, a prioridade era incentivar a pequena agricultura, possibilitando que os colonos melhorassem as condições de vida de suas famílias, com assistência técnica, apoio creditício e assistência social. Hoje o que se observa é que a maior parte da população dos projetos irrigados consome água sem tratamento (direto dos canais), paga caro pela água utilizada nos lotes irrigados e os núcleos irrigados sofrem com a favelização e com a criminalidade.

É preciso encontrar o equilíbrio no que diz respeito à atenção dada pelos órgãos governamentais aos pequenos e grandes produtores na região. Sem isso de nada vale a "retórica fácil" dos políticos nas páginas e páginas de jornal e matérias de televisão apontando o Vale do São Francisco como "ilha de excelência".

Os "nossos homens públicos" precisam se instruir e acordar. A palavra desenvolvimento hoje tem um outro significado que implica responsabilidade social e respeito às diferenças. Essa retórica valorativa de "paraíso às margens do São Francisco", soa falso e expõe uma temática que merece ser discutida urgentemente. Afinal, que espécie de desenvolvimento estamos construindo no Vale?

J.Menezes

COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO


A Universidade do estado da Bahia- UNEB(Campus III Juazeiro), será sede do Segundo Encontro Regional de Estudantes de Comunicação - ERECOM que será realizado de 30 de abril a 04 de maio. A temática do evento é: "Um diálogo Necessário na luta pela superação das opressões".
Os participantes estarão debatendo a discussão dialógica entre comunicação e educação, numa perspectiva de superação das opressões. Um dos convidados para o ERECOM é o professor da Universidade de São Paulo Ismar de Oliveira Gomes. Ele vai abordar a relação entre comunicação e educação na contemporaneidade.
Os Outros convidados são, o documentarista argentino Carlos Pronzato e os professores Rilmar Lopes e Antonio Câmara da universidade Federal da Bahia - UFBA.

Poesia: O MAR


O mar beijou a praia nua
Respingou o céu no ocaso
Ninou o menino travesso na onda saliente
tocou o rochedo inerte e quente

O mar se encheu de luz e cor
Brincou com o sol, contemplou o farol na solidão do tempo
Lavou a alma do homem triste

O mar abraçou o rio na pororoca
Cantou na maré de lua cheia
Sorriu no verão tropical
Bebeu na fonte morna e natural do ocaso

O mar navegou com os ventos errantes
debruçou sob o clarão das estrelas
como é a sina dos amantes.

J.Menezes

CURSO TRABALHADORES DO TEATRO

Requalificar os trabalhadores do teatro. Essa é a missão do Projeto "Retrate Interior", coordenado pelo Governo do estado da Bahia, através das secretarias da fazenda e a da cultura. O evento é patrocinado pelo Fundo de Cultura do Estado dentro do programa Fomento à Cultura.
São oficinas gratuitas para os participantes que também terão aulas e material didático. Os municípios contemplados são Juazeiro, Cipó, Valença, Barreiras, Itaberaba e Guanambí.
Podem participar candidatos que tiverem concluído o ensino médio, quatro anos de trabalho profissional comprovado como ator ou diretor, atores e diretores com menos de quatro anos de prática ou em processo de Curso do Ensino Médio, atores e diretores que já tenham registro profissional. Mais informações podem ser obtidas no Centro de Cultura João Gilberto em Juazeiro.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

CRÔNICA: ÔNIBUS


Brasileiro é louco por carro diz o comercial de TV. É verdade, a frase já virou até clichê. Mas também por ônibus, por espontânea pressão, e às vezes até por opção.

Vejamos: o ônibus é a salvação dos sem carro. É sempre a dor de cabeça dos ansiosos quando o "monstrengo" teima em não chegar ao ponto no horário de costume. O passageiro agoniza e o "tic" nervoso e tão inevitável quanto à volta incessante dos ponteiros do relógio.

O ônibus é o caos da segunda feira, mas o abrigo temporário do mal humorado, da moça com TPM, do bla, bla, bla do hipocondríaco. O ônibus está entre a esperança e o desespero do "homo urbanus".

O ônibus ainda continua sendo uma das melhores desculpas para o inconfundível atrasadinho que ao cruzar com o patrão na recepção da empresa dispara: desculpe, foi ele, o "buzú".

O ônibus é a agonia do trabalhador, mas o transporte perfeito depois de uma carona frustrada. É o bem e o mal necessários, o confidente silencioso para os sentimentos mais secretos.

No ônibus se vê de tudo e em tempo real. Desde os arroubos e as tagarelices dos adolescentes na alegria do encontro, até ao acesso de fúria do rebelde "com causa" que o transforma em sparing para se vingar do mundo "injusto".

O ônibus é a linha tênue entre a paranóia do dia a dia e a busca contínua e inglória pela sobrevivência. É um ícone do modus vivendi da contemporaneidade. É um dos símbolos dos "ismos". Do capitalismo e do socialismo.

Tem lotação para todos os gostos: leito, semi-leito, executivo, semi-executivo, "baby bus" e de andar. Tem também o pinga, popular e folclórico: pode chamá-lo também de "catatau". Neste vai gente, bicho, muamba e bugiganga. O pinga para tantas vezes durante o percurso que o câmbio da máquina fica lerdo e o motorista "pirado".

A luta no pinga é saber quem vai ganhar a cadeira da janela. Quem tiver mais sorte, fica livre da sofreguidão, da "mão boba", dos pisões, cotoveladas e do desodorante vencido. Será que a expressão "corredor da morte" não surgiu no pinga?
O ônibus é uma fonte viva de Histórias e "estórias". Preste atenção no papo do malandro, no diálogo desconexo dos bêbados, nos discursos messiânicos dos fanáticos, nas intermináveis discussões sobre futebol, política ou big brother!

No ônibus é assim: de solavanco em solavanco o passageiro vai "ruminando seus pensamentos", ignorando a paisagem que já viu ontem. Na cadeira ao lado a "teen" não pára de repetir para a colega com quem vai ficar na festa de haloween.

O ônibus também é cultura, mas também "acultura" e o passageiro precisa aprender a arte da paciência. A expressão "o trem da história", poderia ser substituída para o "o ônibus da história".

No percurso há dois momentos gloriosos: primeiro quando o transporte sai do ponto de parada, segundo quando chega ao destino. O resto é luta. Luta contra si mesmo e contra a vontade alheia.

É um situação de dependência, pois a liberdade no ônibus está apenas no pensamento. Dependo do motorista, dependo do folgado que cruza os braços no meio do corredor, dependo do cobrador que avisa ou não "ao motor" que ainda estou subindo ou que ainda não desci, dependo do solidário passageiro que vai pedir ou não o pesado fardo que carrego em pé.

Dependo até do clima: se o dia tiver calorento posso chegar amarrotado ao trabalho, posso perder o vale transporte em meio à confusão. Posso perder a prova, a carteira, o compromisso, só não posso perder o bom humor, afinal: amanhã começa tudo de novo.

J.Menezes

domingo, 20 de abril de 2008

LIVRO OU SANDUÍCHE

Não se vendem mais livros nas livrarias, mas sanduíches e outras coisas que não são ligadas à literatura. A afirmação é do poeta e escritor Afonso Romano de Santana que proferiu palestra no Centro de Cultura João Gilberto. Ele explicou que os escritores brasileiros são os mais penalizados, já que as livrarias estão repletas dos "best selers".
Criticou a falta de bibliotecas no Brasil. Disse que ao dirigir a Biblioteca Nacional, fez uma pesquisa e constatou que mais de três mil municípios brasileiros não tinham biblioteca. "O que o Brasil precisa é de um projeto nacional de cultura que possa promover o desenvolvimento.
Enfatizou:

.CULTURA NÃO É SÓ LIVRO
.NEM TODO MUNDO É ARTISTA E NEM TUDO É ARTE
.TUDO QUE ACONTECEU NO BRASIL DE 1982 PARA CÁ, A CULPA É MINHA(Ao se referir a crônica que escreveu sobre o então Presidente João Batista de Figueiredo - "A Preguiça do Presidente", - Affonso Romano de Santanna).

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Operação Tiradentes


Chegou o feriadão, muita gente deve "pegar a estrada" e os cuidados devem ser redobrados.A informação é da Polícia Rodoviária Federal. Essa bem que pode ser a primeira frase de uma matéria de televisão ou de rádio, como telespectadores e ouvintes estão acostumados a ouvir no agendamento de notícias do nosso cotidiano. Embora os telespectadores cobrem maior "criatividade" na forma de abordar a notícia, raramente o texto muda nestas ocasiões.

Lembrei agora de uma conversa com a apresentadora da Globo Carla Vilhena quando esteve em Juazeiro para uma reportagem sobre o aniversário os 500 anos do Brasil. Ela dizia que a avó sabia decorado os textos dos repórteres de televisão durante o período de carnaval. A repetição constante e sem nenhuma inovação, gera esse tipo de depoimento. O telespectador não é mais o de trinta anos atrás, ficou mais crítico e está mais atento a forma como a notícia é construída.

Mas "o fenômeno" terá replay. É que a Polícia Rodoviária Federal já "decretou a operação Tiradentes" e o objetivo é prevenir acidentes que aumentam nas estradas durante os feriados. A operação já começa na sexta feira com orientações e blitz. Os motoristas devem ficar alertas para os animais na pista, prestar atenção nas placas de sinalização, fazer uma revisão nos veículos antes da viagem, não fazer consumo de bebida alcoólica enquanto estiver dirigindo, não dirigir com sono, respeitar os limites de velocidade, etc.

Os motoristas brasileiros já não são tão inocentes. A questão não é falta de informação, nem tampouco de orientação, mas de prudência, respeito com os outros e de disciplina. O número de acidentes nas estradas no país suplanta o de vítimas de guerras e os resultados são alarmantes.Anualmente são 35 mil vítimas fatais de acidentes automobilísticos. Tem curiosidades impressionantes sobre o perigo na direção. Uma delas é que o brasileiro assimilou bem o uso do cinto de segurança, mas só do dianteiro, os motoristas são indiferentes e resistentes ao uso do cinto do banco de trás pelos passageiros. Esse é só um exemplo dessa "cultura tupiniquim" de transgressão que é claro, inclui também os motoristas.

JUAZEIRENSE

O torcedor do Juazeiro ainda não sabe qual será o destino do time. Depois da péssima performance no campeonato de 2008, o tricolor se transformou numa icógnita.Com dívidas, sem elenco e com o torcedor desconfiado, a diretoria aposta "as fichas" no time de Juniores que vem fazendo ótima campanha. O tricolor deve disputar a "Taça Bahia" uma competição sem muita expressão que serve mais para preencher uma lacuna no calendário do futebol baiano.

Mas enquanto a diretoria pensa na situação do Juazeiro, uma "outra diretoria" já pensa na disputa do Campeonato Baiano de Acesso. Um grupo liderado pelo deputado estadual Roberto Carlos está empenhado na organização do "Juazeirense", um clube novo que deve estrear já em 2008 e segundo informações terá um uniforme semelhante ao da seleção de Portugal. A idéia da diretoria é classificar o time já para o Campeonato Baiano de Profissionais de 2009.

Outra intenção do Juazeirense é formar um grupo forte e experiente. A idéia é contratar o elenco titular do Petrolina que está disputando o Campeonato Pernambucano. Ocorre que, se o Petrolina disputar o Campeonato Brasileiro da Série "D", o Juazeirense terá que procurar outra opção.

Perguntar não ofende!!! Porque o Juazeirense não poderia ter outro nome, como Veneza por exemplo, um dos times amadores mais tradicionais da cidade? Seria uma justa homenagem ao futebol romântico da cidade e o nome é muito bonito. Não entendo a razão dessa insistência em dar aos clubes o nome da cidade de origem. Outra "invenção curiosa" é essa história de registrar no nome do jogador, a cidade de origem. Virou um estereótipo e apaga o sobrenome do atleta.

As duas fórmulas estão cansadas. Em Petrolina um grupo de empresários trabalha com a perspectiva de preparar o América(time amador mais tradicoional da cidade), para disputar o campeonato pernambucano. Segundo informações, os alvi-rubros querem entrar na competição não como meros "coadjuvantes", como é praxe no interior do estado, mas com estrutura e em condições de brigar por títulos. Essa postura deixa os torcedores esperançosos. É esperar para ver.

TORCEDOR FELIZ COM VITÓRIAS DO PETROLINA E JUAZEIRO JUNIORES

Semana abençoada para o futebol da região, depois do rebaixamento da equipe principal do Juazeiro e a ameaça da queda do Petrolina, as equipes de futebol voltaram a animar o torcedor. Os juniores do Juazeiro surpreenderam o Vitória no estádio Adauto Morais numa virada sensacional pela semifinal da categoria. O time perdia por um a zero até a metade do segundo tempo com um gol do Cleyton Domingues e virou o placar para dois a um.

O Vitória chegou a Juazeiro como franco favorito já que não havia perdido ainda na competição, havia marcado 55 gols e sofrido apenas cinco. Na linguagem futebolística "sobrava" na tabela. Começou mandando no jogo, atacando e criando mais situações de gol. com um melhor posicionamento dos jogadores em campo. O Juazeiro se fechava na defesa mas em compensação não conseguia sair com facilidade da defensiva para o meio e a bola raramente chegava no ataque. No segundo tempo, com a entrada do meia Romário, o time acelerou o rítmo e passou a ser mais agressivo e o meia Marquinhos(destaque do jogo) passou a criar as melhores jogadas. Foi premiado com a atuação empatando a partida, após um chute forte de fora da área.O atacante Juninho Paraíba virou já no finalzinho do jogo num lance parecido. Chutou forte e colocado não dando chance ao goleiro rubro negro.

A próxima partida será no Estádio Manoel Barradas em Salvador. Os torcedores do tricolor que amargaram derrotas da equipe principal tiveram motivos para sorrir e saíram do Adauto Morais orgulhosos com a performance dos garotos. No Estádio paulo Coelho, o Petrolina confirmou a boa fase vencendo o Santa Cruz por dois a um e também de virada. O Santa chegou a Petrolina para garantir o terceiro lugar no Campeonato Pernambucano, vinha de uma campanha irregular e chegou a ficar no grupo "da degola" que seria rebaixado para a segunda divisão da competição. Mas desde o início da partida ficou clara a boa fase da "fera sertaneja".

O time dominava a partida e encurralava o tricolor pernambucano que saiu na frente com um golaço de Alexandre de fora da área, mas o Petrolina não se intimidou e empatou a partida ainda no primeiro tempo com o meia Alan cobrando penalidade. A virada veio no segundo tempo com o lateral Piau, após cruzamento da esquerda. Os maiores destaques da partida foram o volante Gama e o meia Alan. Pelo Santa Cruz o veterano goleiro Jean(ex. Vitória, Cruzeiro, Bahia, Guarani e Cotinthians) que anunciou a despedida do futebol após a última rodada do pernambucano. O técnico Mário Cezar "Cupira", que tem o mérito dessa recuperação do Petrolina disse que a maturidade e o empenho do grupo são os maiores responsáveis pela boa fase.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Violência, Economia e Cidadania


A violência é um dos maiores inibidores do crescimento econômico e do exercício da cidadania. A informação é do ex. Secretário de Segurança Pública de Bogotá Hugo Acero Valásquez, expert no assunto que vem realizando palestras em várias cidades da América do Sul. A última foi em Macaé no estado do Rio de Janeiro. O consultor já esteve em Petrolina. O Brasil ocupa a nona posição num ranking organizado por ele com 28 assassinatos para cada 100 mil habitantes.

As cidades consideradas mais violentas no país são Recife com 67 mortes e São Paulo logo atrás com 53 assassinatos para cada 100 mil pessoas. Acero informou que os prefeitos precisam assumir responsabilidades em relação a questão da violência.

O consultor alerta que além do âmbito político, as mudanças devem acontecer também na técnica realizada pelas policias. Acero registrou que no feriado santo foram assassinadas cinco pessoas em Petrolina e questionou quantos dos assassinos tinham sido presos. O ex. Secretário de Segurança Pública de Bogotá disse que hoje quando uma empresa quer se instalar numa cidade, uma das primeiras providências é saber do índice de violência na região, dependendo do resultado pode não se estabelecer e a comunidade perde.

Acero enfatizou que instituições como o Ministério Público, policias, Justiça e outras indiretas podem se unir e reduzir os índices de violência. Ocorre que a violência também é uma evidência clara da miséria. As cidades precisam investir pesado não apenas no combate em sí, mas na raiz do problema que é a falta de políticas públicas eficientes.

Prefeitos Cassados

Segundo dados da Justiça Eleitoral, 250 prefeitos eleitos nas eleições de 2004 perderam o mandato. 90 deles foram afastados no ano passado. Alguns se mantém no cargo através de liminares. Entre as denúncias estão: abuso de autoridade, de poder econômico e a compra de votos. Só a cidade de Caldas Novas no interior de Goiás, teve quatro prefeitos em três anos de governo municipal.

Em outras cidades, o presidente da Cãmara de Vereadores assumiu a prefeitura. Nesses casos a condenação por crime eleitoral atingiu tanto a chapa eleita como a derrotada. Na cidade de Guarujá-Mirim em Rondônia, houve prefeito que foi cassado, venceu uma nova eleição, e meses depois, foi rejeitado do cargo pela justiça. A cassação do prefeito pode ser determinada tanto pelo juiz eleitoral como pelo Tribunal Regional Eleitoral.

O Ministério Público, partidos e coligações podem oferecer denúncia contra os eleitos. "A farra dos mau prefeitos" ocorre principalmente em cidade pequenas onde a justiça deveria fazer uma fiscalização mais efetiva. "Esses ladrões disfarçados" de homens públicos tem que que ser alijados definitivamente da política e levados à prisão. Se o Brasil quiser ser o país que almeja: justo, respeitado, íntegro precisa sepultar a "cultura da razão cínica" ou "lei de Gerson" que atinge praticamente todas as esferas da sociedade.Essa prática miserável culmina com a desigualdade e a miséria.

POESIA: Desafio das Léguas


QUANDO EU ERA MENINO
FUI VAQUEIRO DO MEU DESTINO
MEU CAVALO SEM ARREIOS
A VIDA SEM DESATINOS
A VIDA FEITA DE ATINOS
E O MEU CAVALO SEM FREIOS

VOAVA LIVRE
QUE SOLTO NO VENTO
VARAVA O TEMPO
LIBERTO DAS RÉDEAS
VOAVA PÁSSARO
DO PRÓPRIO TEMPO
E A LIBERDADE NÃO ME DAVA TRÉGUAS
VARAVA RÁPIDO O TEMPO CINZENTO
MOLEQUE AFOITO, DESAFIO DAS LÉGUAS

HOJE
VAQUEIRO DO MEU DESTINO
POR NÃO MAIS SER MENINO
SEI, NÃO POSSO SER....

CONHEÇO BEM
O MAL QUE ME DEVORA
MAS ELE USA ESPORAS
SEM QUE EU POSSA PERCEBER

Virgílio Siqueira

domingo, 6 de abril de 2008

Affonso Romano em Juazeiro


O escritor Affonso Romano de Santanna estará em Juazeiro no próximo dia 10 de abril. Ele faz palestra às 19h30, no Centro de Cultura João Gilberto no ciclo Projeto TIM Grandes Escritores. Essa á a terceira etapa do projeto que já trouxe à cidade, nomes consagrados da literatura brasileira como Marina Colassanti e Zuenir Ventura.

"Vida e Obra" será o tema da palestra, que também terá a participação do escritor da região, Angelo Roncalli. Num momento em que a indústria cultural impõe o "menu" do que deveremos consumir, através de aberrações com nome de música e "literatura de quinta" (e não me venham com essa história de "cabeça aberta ou democracia) para engolir "beber, cair e levantar" ou "créu", acredito que iniciativas como a da multinacional deveriam ser uma constante.

Nós que estamos sempre criticando a atuação das transnacionais que só estimulam o consumismo e o acúmulo de riquezas em detrimento da desigualdade galopante, há projetos que podem ser dignos de reconhecimento e estimular os jovens a buscar novas formas de entretenimento, que contribuam com o desenvolvimento cultural.Vale à pena assistir.

Promessa da Compesa


O diretor presidente da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), João Bosco de Almeida anunciou em Petrolina que em quatro meses o Rio São Francisco deixará de receber esgoto sem tratamento. Garantiu que a companhia fará um investimento na ordem de $57 milhões de reais até 2010, o que segundo ele, irá garantir um saneamento de 100% no município.

A vinda de Almeida a cidade revela a crise que se estabeleceu no setor de abastecimento de água, que vem sendo criticado pela população e autoridades. Segundo João Bosco, com a modernização da estação de tratamento, que tomará 40% dos recursos e com a recomposição do curso original do Riacho Vitória, os problemas serão solucionados.

A pergunta que a Compesa não respondeu ainda é: porque só agora, depois que a população se mobiliza é que as providências são tomadas? Há 10 anos é esse desgaste da população que se sentia impotente diante da falta de soluções, de algumas representações políticas da cidade que esperavam sucesso e dividendos políticos e não conseguiram resolver a questão e da própria companhia que teve a marca "arranhada", perdendo credibilidade. O prejuízo maior ficou com a comunidade mais pobre que foi obrigada a consumir água de qualidade duvidosa.

Poesia: Mulher


Você tem o sal da vida
A força oculta da inspiração
A leveza da menina dos olhos

Seu corpo rijo é um convite ao amor
A volúpia que emana dele é uma ironia
Ao pudor, é um verso materializado

A juventude em você salta aos olhos
É seiva de planta tenra
Bálsamo para os corações aflitos

Por falar em olhos, eles são entorpecentes
Falam, desnudam sua alma sublime

Tua boca é um capricho de ninfa
Seu beijo, morno como água de termas,
Implacável, arrebatador, quase eterno

Seu abraço, ardente como calor de verão
Seu colo não menos cálido
Os afagos, ternos e constantes

Teu porte de fêmea superior, contrasta com o gesto
Desconcertante de menina, que expõe a cândida
Timidez

Você á assim:forte para chorar quando é preciso
Intuição latente e sutil, livre para dizer sim ou não,
Capaz de ter o mundo aos pés, disposta a morrer por
Um ideal. Você é mulher.

Jota Menezes

Chuvas de Março

"É pau é pedra, é o fim do caminho, é um pedaço de toco, um pouco sozinho, são as águas de março fechando o verão". O clássico da MPB de Tom Jobim traduz o que acontece no mês de "São José", quando as chuvas anunciam o fim de uma estação. No caso do Nordeste brasileiro, as chuvas de março não são tão freqüentes e fortes como as precipitações deste ano. As cidades estão maltratadas e os desabrigados voltaram à cena, não como em 2004 quando centenas de pessoas ficaram sem casas.A situação é preocupante, mesmo assim.

Amanhã (segunda-feira, 07/04/08) deve sair uma medida provisória para agilizar recursos e socorrer as vítimas das chuvas. O ministro da Integração Geddel Vieira Lima, disse que a matéria já foi encaminhada ao Ministério do Planejamento e aguarda só a assinatura do presidente Lula. Os estados beneficiados num primeiro momento serão: Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Paraíba, Ceará e Bahia.

As populações das cidades acabam penalizadas pela falta ou fragilidades na infra-estrutura. Os administradores municipais precisam apresentar ao governo federal, verbas e planos consistentes e convincentes de reestruturação dos perímetros urbanos que contemplem obras prioritárias. Agindo assim, as cidades estarão mais preparadas para suportar temporais contínuos como os de março.