domingo, 15 de fevereiro de 2009

SUBLIME PRAZER


O gosto amargo do desencanto entristece, entorpece, arrefece o coração, lançando-o na solidão da sargeta glacial.
A alma melancólica implora por vida, deseja ardentemente o sublime prazer.
O sublime prazer é a água que cai sobre o rosto suado, revigorando as energias do corpo cansado
É o bocejar distraído denunciando as peripécias do ontem
É a liberdade de escolha, é o desvendar do quebra cabeça
É a lembrança do perfume que marcou, é a música antológica
É o flerte inocente e arrebatador, é o xeque mate
É o abraço espontâneo, a risada estrondosa, é o soco no ar
É o andar elegante, o balançar sensual dos cabelos
A mordida no lábio, exprimindo emoção
É a inteligência surpreendente da criança, a sede de viver do velho
É a sabedoria do não letrado, o carinho do pai, o justo reconhecimento, é a sede saciada
É a conquista do título, o drible desconcertante, é o êxtase do gol
Sublime prazer é o livro de cabeceira, a inquietação do adolescente, o lançamento do filme, o sono o não na hora certa
É o charme inocente da “Lolita”, o toque discreto, a resposta esperada, a saúde perfeita, é a viagem
Sublime prazer é o almoço do domingo, a dança, o aconchego do cobertor
O beijo da menina dos olhos, a força do amigo, a privacidade do quarto, as compras do fim do ano, o reencontro
Sublime prazer é dirigir descansado, é a sexta feira à noite é a piada nova
O dez da prova, a boa nova do médico, é o sambão no passeio, é a força enigmática do olhar
Sublime prazer é o astral elevado, a boa ação, é o espreguiçar na rede
É a chuva que cai, é a cumplicidade dos amantes, é o arco-íris, o céu azul
É a sombra, a água fresca, é o texto concluído é a inspiração



J. Menezes

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